Jovens empreendedores fazem a diferença também no setor público catarinense
Desejo de mudança, não-conformismo, proatividade e preocupação com o desenvolvimento econômico e social. Razões como essas têm levado muitos jovens empreendedores, oriundos do movimento associativista, a aceitarem o desafio de atuar em cargos públicos, seja em nível municipal ou estadual.
Maior movimento jovem empreendedor do país, com 71 núcleos e 1,4 mil nucleados, o Conselho Estadual de Jovens Empreendedores de Santa Catarina (CEJESC) tem incentivado a atuação dos jovens na gestão pública, por acreditar no potencial transformador das novas gerações. “Hoje nós temos muitos jovens que participam ou já participaram de núcleos ligados ao CEJESC e que estão contribuindo com a gestão pública, especialmente na área de desenvolvimento econômico”, pontua o diretor de Assuntos Políticos do Conselho, Eduardo Schnaider Pedrini.
Membro do Núcleo de Jovens Empreendedores de Gaspar (ACIG Jovem) e atual assessor de Desenvolvimento Econômico do município, localizado no Vale do Itajaí, Pedrini é um desses exemplos. No último pleito municipal, o núcleo entregou as demandas da classe para os candidatos e, após eleito, o prefeito cedeu uma cadeira para o núcleo junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo. “Após discussão do grupo, foi indicado meu nome para assumir esse papel. Daí vem a grande pergunta: O que fazer agora que estamos aqui do outro lado?”, analisa Pedrini.
Segundo ele, o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo CEJESC, no sentido de capacitar e orientar os jovens interessados em assumir cargos públicos, teve um papel fundamental neste momento. “Além disso, como temos diversos membros do movimento jovem envolvidos nessa área, tivemos facilidade na troca de experiências, para assim já iniciar com objetivos e projetos a serem implantados”, menciona.
Dentre as ações realizadas pela Diretoria de Assuntos Políticos do CEJESC, uma delas foi receber, em uma de suas Assembleias Gerais Ordinárias (AGOs), jovens candidatos que foram coordenadores de núcleos ou diretores do Conselho, evidenciando como o engajamento com o associativismo é um diferencial para quem pretende atuar - ou já atua - no meio político. “Em todas as cidades com a presença de jovens na gestão, os resultados são nítidos, destacando a questão do diálogo aberto com os empresários e entidades, e estabelecendo o vínculo e o compromisso de todos para o desenvolvimento econômico”, complementa Pedrini.
A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC), entidade à qual está ligado o CEJESC, também conta com diversos exemplos de empresários que se engajam com a causa pública, levando as bandeiras do associativismo. “A FACISC também contribui muito com esse papel, principalmente o de levantar demandas e fiscalizar, por meio do projeto Voz Única”, destaca o diretor do CEJESC.
Reunião da diretoria do CEJESC, com o planejamento da pasta de Assuntos Políticos, liderada por Pedrini (5º à esq.), que ocorreu em São Joaquim, em abril deste ano. Foto: Divulgação/CEJESC.
Liderança jovem em destaque na maior cidade de SC
Mesmo sem a pretensão de exercer um cargo público, a atuação do empresário Danilo Conti junto ao Núcleo de Jovens Empreendedores da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ) abriu novas oportunidades em sua carreira. “Quando decidi participar do associativismo, foi para ser um poderoso agente de transformação social. Eu entrei no núcleo com espírito colaborativo, com vontade de trabalhar e ajudar a cidade”, declara.
Danilo Conti atua como secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville. Foto: Divulgação.
Em sua opinião, o convite do prefeito Udo Döhler para ser o secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville ocorreu em decorrência de um bom trabalho que a diretoria do núcleo estava fazendo na época. “Eu era o coordenador e atuava como um facilitador junto à diretoria da ACIJ. Eu devo muito ao time que estava comigo, minha ascensão não foi um trabalho solo, foi resultado do trabalho de um time muito competente”, frisa o empreendedor.
As manifestações contra a corrupção, realizadas em todo o país, também contribuíram para despertar no empresário o desejo de fazer a diferença em sua cidade. “Joinville conseguiu eleger um ótimo prefeito e montou um colegiado técnico, com pessoas que cultivam os valores éticos, e entendi que poderia ser uma excelente oportunidade de contribuir com a mudança da política local”, explica Conti.
Após essa trajetória, que teve como berço uma entidade associativista, a recomendação de Conti é que os jovens sejam protagonistas dentro de seus núcleos. “Venham para o movimento com o espírito de fazer o bem, com muito empenho e dedicação. No mínimo, isso fará de você um empreendedor melhor. E bons empreendedores dão emprego às pessoas. E o emprego é o melhor programa social que uma cidade pode ter”, destaca. “O trabalho dá significado à vida, dignifica as pessoas e pode melhorar a vida de famílias inteiras. Isso fará da sua cidade um lugar melhor para viver”, finaliza o secretário.
Trabalho estratégico para fomentar o empreendedorismo na Capital
Superintendente de Desenvolvimento de Indústria e Comércio de Florianópolis, Piter Santana. Foto: Divulgação.
O atual superintendente de Desenvolvimento de Indústria e Comércio de Florianópolis, Piter Santana, tem uma longa caminhada dentro do associativismo. Há 16 anos, participa de entidades empresariais e núcleos de jovens empreendedores, e hoje, além do trabalho junto à prefeitura da Capital, é presidente da Câmara de Ética Tributária de Santa Catarina e da Ampe Metropolitana - Associação dos Empreendedores de Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais da Região Metropolitana de Florianópolis.
“A participação desde cedo me preparou para assumir as atividades atuais e saber como realizar a gestão de diversos projetos ao mesmo tempo e, principalmente poder realizar muito com pouco ou quase nada de recurso - algo que é presente nos núcleos que participei e que hoje vivencio no poder público”, observa Santana. De acordo com ele, assim como dentro do associativismo o trabalho é pautado por pilares estratégicos, a mesma ideia foi levada para dentro da prefeitura e contribuiu para o desenvolvimento de muitos projetos em prol do empreendedor.
Santana realizando o lançamento do programa Floripa Empreendedora. Foto: Divulgação.
Santana destaca, entre as conquistas desta gestão, o trabalho para desburocratizar a abertura de empresas, com a Lei de Simplificação, entre outros programas voltados à classe empresarial: a abertura da rede de atendimento ao empreendedor; o programa de microfinanças (Juro Zero Floripa), o programa de internacionalização de empresas (Exporta Floripa); os atendimentos do Floripa Empreendedora nos Bairros, a Sala do Investidor, o Observatório Econômico de Florianópolis e o Plano de Desenvolvimento Econômico para os próximos 10 anos.
O jovem visionário acredita que todos os governos, seja em âmbito municipal, estadual ou federal, deveriam adotar como premissa oferecer a jovens empreendedores, principalmente com formação associativista, espaço para que possam realizar gestão de pastas ligadas à sua área de atuação. “Eles conhecem na prática as necessidades da população e assim podem realizar grandes entregas e deixar um grande legado para sociedade. É uma excelente oportunidade para apresentar à sociedade e à classe política que podemos, sim, fazer mais, melhor e muito mais rápido”, argumenta.
Engajamento de nucleados também no Oeste
Com a liderança aflorada desde cedo, o jovem empreendedor Eder Moraes, membro do Núcleo de Jovens Empreendedores de Maravilha, no Oeste catarinense, atualmente no segundo mandato como vereador, está licenciado do cargo para atuar como diretor de Articulação Política junto ao Executivo municipal. Ele conta que, desafiar-se na gestão pública, foi uma forma de sair do conformismo e buscar representatividade.
“Fazemos política todos os dias pela forma que agimos e analisamos tudo o que ocorre ao nosso redor. Eu sempre fiz isso aonde estava envolvido e, num dado momento, me senti na obrigação de ir além para promover algo que percebi ser necessário, por não concordar com os rumos que minha cidade estava tomando, pelas ações político-administrativas tomadas na época”, relata Moraes.
Em Maravilha, Eder Moraes atuou como vereador e hoje é diretor de Articulação Política junto à administração municipal. Foto: Divulgação.
O fato de ser um jovem exercendo um cargo dentro do Legislativo, segundo ele, gerou muita expectativa entre os munícipes: “Naturalmente, por eu ser jovem, cria-se uma expectativa diferente, ainda mais quando há mudanças nas cadeiras que compõem um parlamento. Foi algo que busquei encarar mantendo a tranquilidade de uma responsabilidade a mais que assumi. Independentemente da idade, importante é ter consciência das ações e decisões que são tomadas e o que isso representa, porque os desafios são diários”.
Para Moraes, o maior desses desafios é entender a complexidade do meio público. “A própria burocracia te impede de avançar em ritmo acelerado e a desburocratização sempre será uma das barreiras a serem superadas. Buscar soluções inteligentes e uma intercooperação entre setores público e privado sempre poderá ser uma saída para um movimento mais competitivo e produtivo na elaboração de políticas públicas”, salienta.
Visão empreendedora dentro do Governo do Estado
Exercendo o cargo de Relações Institucionais dentro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, o lageano Juliano Batalha Chiodelli, que também é vice-presidente da Associação Empresarial de Lages (ACIL), afirma que foi trabalhando voluntariamente, em prol do associativismo, que encontrou os motivos para ingressar no poder público.
“O associativismo, em sua essência, cumpre um papel importante na sociedade, que vai muito além de defender a classe, gerar oportunidades e fomento aos negócios. Ele viabiliza uma maior participação e cria espaços de diálogo, entre a sociedade organizada e o poder público. Na gestão pública, visualizei uma forma de alcançar objetivos coletivos, usando a criatividade para romper barreiras que impedem o desenvolvimento socioeconômico”, garante Chiodelli.
Lageano Juliano Batalha Chiodelli trabalha junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina. Foto: Divulgação.
O jovem integrou o Núcleo de Jovens Empreendedores de Lages e também foi secretário de Desenvolvimento Econômico na cidade serrana. Para ele, a experiência do setor privado contribuiu para suas ações no meio público. “É inevitável a percepção de que a natureza do setor público difere do setor privado. A lógica de trabalho, o jeito de se pensar as ações e as relações pessoais se dão de outra forma. Neste ponto, minha experiência na iniciativa privada e a visão empreendedora foram fundamentais na tomada de decisões que contribuíram para o desenvolvimento de um setor público voltado à inovação e com foco à solução”, assegura.
Governos e empreendedores, em sua visão, podem construir parcerias produtivas e soluções inovadoras para velhos problemas que emperram a melhoria dos serviços públicos e o desenvolvimento. “Fica a percepção de que os jovens podem e devem se envolver cada vez mais com a gestão pública. A política é dever de todos e não se limita à escolha de seus representantes: implica em acompanhar a gestão pública, oferecer soluções e cobrar ações”, reforça.
Chiodelli acredita no potencial dos jovens para promover mudanças significativas ao país: “Empreendedores podem desenvolver um futuro que está além da criação de novos modelos de negócios; podem arquitetar na gestão pública um novo horizonte, com mais progresso, justiça social e oportunidades para todos”.
Chidelli ao lado do Secretário de Estado, Adenilso Biasus, participando do evento Ranking de Competitividade dos Estados 2018, em São Paulo. Santa Catarina foi premiada e manteve a 2ª posição nacional no ranking de competitividade. Além disso, o Estado obteve a 1ª colocação na Categoria “Destaque Internacional de Excelência em Competitividade”. Foto: Divulgação.